Não temos
dúvidas de que dos fatos históricos do nosso país, a independência é o mais
importante. Caso contrário, as cortes de Lisboa certamente teriam protelado a
permanência dos seus “tentáculos” sobre as nossas riquezas sugando-as
impiedosamente por mais longos tempos, além dos três séculos, vinte décadas e
um biênio.
Mas é
coerente entender que a independência do Brasil, bem como das demais colônias
americanas, foi um fator que dividiu interesses entre a permanência das
colônias visando a continuação do colonialismo direto, ou seja, o monopólio das
metrópoles sobre as colônias, e a emancipação das mesmas para vigorar o
colonialismo indireto, ou Neo-colonialismo que consiste em um país pobre em
moeda, mas rico em matéria-prima e recursos humanos, que por dependerem de
produtos industrializados dão em troca matéria prima e mão de obra barata.
A revolução industrial, na época, foi o dínamo do Neo-colonialismo.
O “Grito
do Ipiranga” se deu dentro do terceiro período, que constam apenas como divisão
do processo histórico, sem alterar em nada a condição do Brasil, de explorada
colônia portuguesa:
O período
Colonial que se estende do descobrimento até a chegada da Família Real em 1808,
ínterim em que a colônia foi preparada para receber o monarca e parte da
nobreza portuguesa.
O período
chamado Reino Unido depois da chegada da Família Real e foram implantados na
Colônia um Banco, uma Biblioteca, uma Imprensa Régia e outros órgãos e o rei de
Portugal, Dom João VI, sete anos após, eleva o Brasil a Reino Unido de Portugal
e Algarves em 1815. Em 1821 D. João volta a Portugal. Esse foi um período em
que o Brasil adquiriu autonomia administrativa.
O período
Imperial ou Monárquico, quando pressionado pelos portugueses, D. João regressou
a Portugal e deixou como príncipe regente, seu filho Pedro. O Grito do Ipiranga
se deu nesse interregno, ou seja, em 1822, mas a Monarquia se estendeu até 1889
com a proclamação da República. Só para lembrar, dentro do período
Imperial ou Monárquico se deu o Período Regencial, provocado pela abdicação de
D. Pedro I em favor do filho Pedro II que em função da menoridade do Imperador
o império passou durante 9 anos , isto é, de 1831 a 1840, a ser governado por
regentes nomeados pelos deputados e senadores. Os liberais lançaram a campanha
vitoriosa da maioridade de Dom Pedro II. Aos 15 anos ele foi coroado, recebeu o
título de Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, acalmando as turbulências e
precipitando uma das fases mais prósperas na história do país.
Do
descobrimento à proclamação de D. Pedro I como Imperador, o Brasil deixa de ser
o esquecido território sem importância econômica, a não ser a exploração do Pau
Brasil, para a reconhecidamente próspera colônia americana. Agora o Brasil tem
sobre si os holofotes do mundo interessados nas suas riquezas.
Para
Portugal era propícia a permanência do Brasil na condição de colônia sob o seu
absoluto domínio. Para isso, precisaria arrancar a Família Real e
retroagir o Brasil à condição primitiva de colônia.
A cobiça
gera porfia entre as classes dominantes portuguesas, isto é, entre as Cortes e
a Família Real. As Cortes, ou seja, o Parlamento de Lisboa apoiado pelo
“partido português” no Brasil, formado por militares e comerciantes,
determinaram o retorno de D. João VI para Portugal quando estourou a Revolução
do Porto em 1820. A causa principal da revolução foi a perda do monopólio do
comércio brasileiro com a abertura dos portos, uma das medidas de D. João
quando da chegada da Família Real no Brasil. D. João foi, mas deixou o seu
filho Pedro como príncipe regente garantindo, assim, o governo do rico
território para sua família.
Insatisfeita
com permanência de D. Pedro no Brasil, as Cortes portuguesas enviaram uma carta
numa segunda investida de recolonizar o Brasil exigindo o retorno do príncipe
regente que redundou no “Dia do Fico” em 9 de janeiro de 1822. Enfim, Portugal
nos queria sob o seu subjugo!
Ao
contrário dos interesses de Lisboa, os brasileiros queriam a autonomia do
Brasil. Muitas tentativas e lutas foram travadas com o ideal de independência
como a Guerra dos Emboabas, Guerras dos Mascates, Revolta de Backman, Revolta
de Vila Rica e o conhecido caso do enforcamento de Tiradentes durante o
processo da Inconfidência Mineira. D. Pedro não somente respondeu negativamente
às ordens das Cortes como determinou que nenhuma Lei de Portugal fosse colocada
em Vigor no Brasil sem o “cumpra-se”, além de conclamar o povo a lutar pela
emancipação.
A
independência do Brasil numa visão geral interessava a todos os brasileiros,
mas principalmente aos latifundiários e comerciantes locais. Eram a liberdade
econômica e a autonomia administrativa os objetivos maiores da emancipação e o
ecoante Grito do Ipiranga se deu no dia 7 de setembro de 1822. Depois da
Independência o restante da população ficou na mesma situação e a escravidão
continuou.
Os países
europeus, principalmente Portugal, não reconheceram de pronto a decisão de D.
Pedro. Somente três anos após o Grito do Ipiranga, ou seja, em 1825 que
Portugal mediante o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras
esterlinas, assinou o tratado de Paz e Amizade ou luso-brasileiro. O pivô da
resistência europeia foi o comprometimento dos seus principais países,
incluindo Portugal, firmado no Congresso de Viena, a defender o absolutismo e o
colonialismo. Não queriam perder suas “galinhas de ovos de ouro”!
A
Inglaterra se mostrou de pronto favorável a independência do Brasil porque aí
estava a oportunidade de se tornar a grande fornecedora de produtos
manufaturados ao novel país. Inclusive foi ela quem emprestou a vultosa soma
para que o Brasil se desvencilhasse de Portugal. O comportamento da
Inglaterra incentivou as demais nações européias aos poucos reconhecerem a
validade do Grito do Ipiranga.
Os
Estados Unidos da América foi o primeiro país a reconhecer a autonomia do
Brasil, e incentivava a liberdade de todas as colônias da América porque o
pacto colonial entre as metrópoles e as colônias impedia o desenvolvimento
comercial entre os Estados Unidos e os demais países. Em 1825, as autoridades
mexicanas fortaleceram o coro de países que legitimavam o Brasil Independente.
Enfim, o
fato histórico mais importante do nosso país – a independência, foi um fator
divisor de interesses no início do século XIX. Era a cobiça pelas
riquezas do nosso fértil solo e subsolo, da nossa fauna e flora que fazia
Portugal lutar vorazmente pelo colonialismo direto. Os latifundiários e
comerciantes brasileiros enxergavam a oportunidade de monopolizar a economia e
aumentar seus quinhões. Para os que defendiam o Neo-colonialismo – as
potências europeias e os Estados Unidos, era a cobiça por um novo e promissor
mercado de exportação de produtos manufaturados e industrializados e a
importação de matéria prima e mão de obra barata.
Pelas
riquezas e belezas, o Brasil sempre foi, é, e sempre será cobiçado e admirado
no cenário mundial. O mundo precisa do Brasil, principalmente pela Floresta
Amazônica que é subsídio de proteção do planeta. VIVA O BRASIL! VIVA OS SEUS
191 ANOS DE INDEPENDÊNCIA!!!
Prof.
Carlos Alberto.