sábado, 7 de setembro de 2013

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, UM FATOR DIVISOR DE INTERESSES.





Não temos dúvidas de que dos fatos históricos do nosso país, a independência é o mais importante. Caso contrário, as cortes de Lisboa certamente teriam protelado a permanência dos seus “tentáculos” sobre as nossas riquezas sugando-as impiedosamente por mais longos tempos, além dos três séculos, vinte décadas e um biênio.
Mas é coerente entender que a independência do Brasil, bem como das demais colônias americanas, foi um fator que dividiu interesses entre a permanência das colônias visando a continuação do colonialismo direto, ou seja, o monopólio das metrópoles sobre as colônias, e a emancipação das mesmas para vigorar o colonialismo indireto, ou Neo-colonialismo que consiste em um país pobre em moeda, mas rico em matéria-prima e recursos humanos, que por dependerem de produtos industrializados dão em troca matéria prima e mão de obra barata.  A revolução industrial, na época, foi o dínamo do Neo-colonialismo.
O “Grito do Ipiranga” se deu dentro do terceiro período, que constam apenas como divisão do processo histórico, sem alterar em nada a condição do Brasil, de explorada colônia portuguesa:
O período Colonial que se estende do descobrimento até a chegada da Família Real em 1808, ínterim em que a colônia foi preparada para receber o monarca e parte da nobreza portuguesa.
O período chamado Reino Unido depois da chegada da Família Real e foram implantados na Colônia um Banco, uma Biblioteca, uma Imprensa Régia e outros órgãos e o rei de Portugal, Dom João VI, sete anos após, eleva o Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves em 1815. Em 1821 D. João volta a Portugal. Esse foi um período em que o Brasil adquiriu autonomia administrativa.
O período Imperial ou Monárquico, quando pressionado pelos portugueses, D. João regressou a Portugal e deixou como príncipe regente, seu filho Pedro. O Grito do Ipiranga se deu nesse interregno, ou seja, em 1822, mas a Monarquia se estendeu até 1889 com a proclamação da República.  Só para lembrar, dentro do período Imperial ou Monárquico se deu o Período Regencial, provocado pela abdicação de D. Pedro I em favor do filho Pedro II que em função da menoridade do Imperador o império passou durante 9 anos , isto é, de 1831 a 1840, a ser governado por regentes nomeados pelos deputados e senadores. Os liberais lançaram a campanha vitoriosa da maioridade de Dom Pedro II. Aos 15 anos ele foi coroado, recebeu o título de Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, acalmando as turbulências e precipitando uma das fases mais prósperas na história do país.
Do descobrimento à proclamação de D. Pedro I como Imperador, o Brasil deixa de ser o esquecido território sem importância econômica, a não ser a exploração do Pau Brasil, para a reconhecidamente próspera colônia americana. Agora o Brasil tem sobre si os holofotes do mundo interessados nas suas riquezas.
Para Portugal era propícia a permanência do Brasil na condição de colônia sob o seu absoluto domínio.  Para isso, precisaria arrancar a Família Real e retroagir o Brasil à condição primitiva de colônia.
A cobiça gera porfia entre as classes dominantes portuguesas, isto é, entre as Cortes e a Família Real.  As Cortes, ou seja, o Parlamento de Lisboa apoiado pelo “partido português” no Brasil, formado por militares e comerciantes, determinaram o retorno de D. João VI para Portugal quando estourou a Revolução do Porto em 1820. A causa principal da revolução foi a perda do monopólio do comércio brasileiro com a abertura dos portos, uma das medidas de D. João quando da chegada da Família Real no Brasil. D. João foi, mas deixou o seu filho Pedro como príncipe regente garantindo, assim, o governo do rico território para sua família.
Insatisfeita com permanência de D. Pedro no Brasil, as Cortes portuguesas enviaram uma carta numa segunda investida de recolonizar o Brasil exigindo o retorno do príncipe regente que redundou no “Dia do Fico” em 9 de janeiro de 1822. Enfim, Portugal nos queria sob o seu subjugo!
Ao contrário dos interesses de Lisboa, os brasileiros queriam a autonomia do Brasil. Muitas tentativas e lutas foram travadas com o ideal de independência como a Guerra dos Emboabas, Guerras dos Mascates, Revolta de Backman, Revolta de Vila Rica e o conhecido caso do enforcamento de Tiradentes durante o processo da Inconfidência Mineira. D. Pedro não somente respondeu negativamente às ordens das Cortes como determinou que nenhuma Lei de Portugal fosse colocada em Vigor no Brasil sem o “cumpra-se”, além de conclamar o povo a lutar pela emancipação.
A independência do Brasil numa visão geral interessava a todos os brasileiros, mas principalmente aos latifundiários e comerciantes locais. Eram a liberdade econômica e a autonomia administrativa os objetivos maiores da emancipação e o ecoante Grito do Ipiranga se deu no dia 7 de setembro de 1822. Depois da Independência o restante da população ficou na mesma situação e a escravidão continuou.
Os países europeus, principalmente Portugal, não reconheceram de pronto a decisão de D. Pedro. Somente três anos após o Grito do Ipiranga, ou seja, em 1825 que Portugal mediante o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras esterlinas, assinou o tratado de Paz e Amizade ou luso-brasileiro. O pivô da resistência europeia foi o comprometimento dos seus principais países, incluindo Portugal, firmado no Congresso de Viena, a defender o absolutismo e o colonialismo. Não queriam perder suas “galinhas de ovos de ouro”!
A Inglaterra se mostrou de pronto favorável a independência do Brasil porque aí estava a oportunidade de se tornar a grande fornecedora de produtos manufaturados ao novel país. Inclusive foi ela quem emprestou a vultosa soma para que o Brasil se desvencilhasse de Portugal.  O comportamento da Inglaterra incentivou as demais nações européias aos poucos reconhecerem a validade do Grito do Ipiranga.
Os Estados Unidos da América foi o primeiro país a reconhecer a autonomia do Brasil, e incentivava a liberdade de todas as colônias da América porque o pacto colonial entre as metrópoles e as colônias impedia o desenvolvimento comercial entre os Estados Unidos e os demais países. Em 1825, as autoridades mexicanas fortaleceram o coro de países que legitimavam o Brasil Independente.
Enfim, o fato histórico mais importante do nosso país – a independência, foi um fator divisor de interesses no início do século XIX.  Era a cobiça pelas riquezas do nosso fértil solo e subsolo, da nossa fauna e flora que fazia Portugal lutar vorazmente pelo colonialismo direto. Os latifundiários e comerciantes brasileiros enxergavam a oportunidade de monopolizar a economia e aumentar seus quinhões.  Para os que defendiam o Neo-colonialismo – as potências europeias e os Estados Unidos, era a cobiça por um novo e promissor mercado de exportação de produtos manufaturados e industrializados e a importação de matéria prima e mão de obra barata.
Pelas riquezas e belezas, o Brasil sempre foi, é, e sempre será cobiçado e admirado no cenário mundial. O mundo precisa do Brasil, principalmente pela Floresta Amazônica que é subsídio de proteção do planeta. VIVA O BRASIL! VIVA OS SEUS 191 ANOS DE INDEPENDÊNCIA!!!
Prof. Carlos Alberto.

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