Nos contrafortes da Serra
dos Parecís (MT), nasce esse gigante formoso que no oeste do Brasil faz divisa com
a Bolívia, com uma extensão de 1.716 km, até sua desembocadura no Rio Mamoré.
Fica
em 74º lugar entre os ranking dos maiores rios do mundo. O trecho navegável é de
aproximadamente 1.400 km, desde Vila Bela de Santíssima Trindade, a primeira
capital do Mato Grosso, à sua foz.
Recheado de singular riqueza
e beleza em biodiversidade e em exuberância natural constitui-se numa zona de
transição entre o Pantanal mato-grossense e a Amazônia. Nas águas do Guaporé
singram com regularidade embarcações brasileiras e bolivianas perpetuadas por
uma harmonia que remonta desde o século XIX quando o látex ganha notoriedade no
mundo e o Vale do Guaporé se destaca como um riquíssimo celeiro com seus
inúmeros seringais.
Bem
no inicio do século XX, o Brasil usufruía de duas importantes divisas
econômicas: o café no centro-sul, em especial em São Paulo, e a borracha na
Amazônia. Nestas paragens guaporeanas a preocupação do governo brasileiro e
boliviano, era a exploração e exportação do látex. Rondônia, com suas rodovias,
não existia sequer em projetos quando tais governos fizeram acordo de criar uma
passagem a partir do Rio Guaporé, seguindo pelo Rio Mamoré, continuando pelo
Rio Madeira, deste pelo Rio Amazonas até o Oceano Atlântico para distribuir a
borracha proveniente das matas bolivianas e brasileiras.
Foi
a partir dessa necessidade que através do Tratado de Petrópolis houve o acordo
de em troca da posse do território boliviano, hoje Estado do Acre, o Brasil
construir a Estrada de Ferro Madeira Mamoré para desviar do trecho
encachoeirado do Madeira que impossibilitava o traslado por via marítima naquele
perímetro. Porto Velho Nasceu das instalações da “Madeira-Mamoré Railway” e
Guajará-Mirim nasceu da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 1912,
data de fundação daquela pioneira cidade rondoniense.
Na
verdade, tudo começa no rincão rondoniense com a instrumentalidade deste
gigante. Afirmar que o Rio Guaporé é o berço da história do Estado de Rondônia
não é presunção, é fazer justiça a um fato não lembrado.
Como
que indiferente ao tempo, o Rio Guaporé permaneceu belo com
suas águas escuras, puras, cristalinas, rico em biodiversidade e com inegável
exuberância natural. No período da cheia, que também é período das chuvas, o
rio inunda territórios e baias e fica embelezado pela vegetação aquática que
juntas formam “ilhas” em quantidade consideráveis. As águas avançam às margens
e se acostam aos paredões de terras dando a impressão ao longe que a floresta
emerge das águas.
No período da seca surgem as
praias com suas dunas encantadoras propícias para acampamentos onde todos os
anos a comunidade local e de outros lugares acorrem instalando suas barracas.
Nesta época dá-se o festival de praia na Resex do Curralinho, uma das maiores
atrações turísticas do Guaporé. A praia fica tomada por barracas de abrigos e
barracas comerciais onde se oferecem refeições com pratos típicos do local e
exposições de veículos motorizados terrestres e marítimos, bem como exposições
de artesanatos da região. Dá-se, também, o campeonato de pesca e entre as belas
garotas acontece o desfile para a escolha da garota praia, recheando, assim, o
organograma das atividades do festival.
Na biodiversidade, o Rio
Guaporé é rico em espécies de peixes como o tucunaré, pintado, surubim,
tambaqui, jaraqui, pirarara filhote, entre outras. Suas matas ciliares oferecem condições
propicias para procriação da fauna com suas variadas espécies de mamíferos,
anfíbios, répteis e aves.
O
Rio Guaporé é imensamente convidativo para a pesca esportiva e para
inesquecíveis passeios de barcos com suas imagens fascinantes da fauna e da
flora regional.
Este gigante é, sem
dúvidas, uma das grandes belezas reunida a tantas outras pela instrumentalidade
do arquiteto do universo!!!
Prof. Carlos Alberto.
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